Dizem que em seu ponto mais profundo, o gelo atinge quase mil metros de profundidade. Sua extensão o torna o glaciar, ou geleira, mais extenso da Europa com 24 Km. Andar sobre o glaciar seria a atividade do dia. Partindo de Bettenalp o trekking tomaria quase todo o dia.
Começando muito cedo, o grupo recebeu do guia um suporte com ponteiras para colocar, quando chegássemos ao glaciar, nas botas. Sem esses cravos, andar sobre o gelo seria quase impossível.
A caminhada nos faria subir algumas centenas de metros de vertical até podermos chegar no ponto de visão do Glaciar. Uma paisagem deslumbrante. A partir dali desceríamos uns 200 metros de desnível para iniciarmos através de uma de suas bordas a caminhada.
Quando se pensa numa geleira, nos vem a mente o branco como cor dominante, mas o que chama a atenção ao se aproximar de uma geleira são listras negras que se formam no meio dela. Mais espantoso é caminhar sobre a geleira, pois o leitor descobrirá que aquela listra se tornou uma esteira de pedras e cascalho. A explicação veio com o guia, Quando uma geleira se forma tendo como origem mais de um braço, ou seja, quando ela vem de duas ou três fontes, como um rio que tem vários afluentes, a movimentação do gelo faz com que pedras sejam arrancadas das encostas e jogadas sobre o gelo. Quando os dois braços da geleira se juntam, as pedras formam a listra no centro do gelo.
As dimensões da geleira fazem com que você se sinta uma formiga. O que parecia plano do alto, se torna tridimensional exige algum esforço do grupo para subir algumas escarpas de gelo. Nada impossível graças aos grampos colocados nas botas.
Foram quase oito horas de caminhada que terminaram em Bettmeralp com o agradável som de sinos vindos de várias vaquinhas, sim, aquelas gordinhas e com cara simpática que passeavam entre as casas da vila para pastar.
Como dizem os suíços, “O bem mais valioso da Suíça é gratuito: a natureza das suas montanhas”. Esse ditato pode ser compravado na prática depois de se experimentar uma caminhada numa geleira.
O dia seguinte foi bastante atípico para um turista. Partimos de Bettmeralp com destino a Oberwald. De lá uma van nos levou até um hotel em Grimsel/Handeck que ficava a beira da estrada e junto à represa de Räterichsboden. Para chegar lá na represa o turista tem que atravessar a ponte suspensa de Handeck que permite ver uma cachoeira 70 metros abaixo. A ponte faria juz a qualquer filme de indiana Jones.
Para chegar à represa o funicular, bondinho que é puxado sobre um trilho através de um cabo de aço, que foi utilizado é o mais íngreme do mundo com 106 graus de inclinação. Em outras palavras você sobe praticamente uma parede.
Naquele dia, depois de visitar a represa o grupo foi levado à uma usina hidroelétrica chamada Grimsel II, onde foram usadas bicicletas para uma pedalada de 2,7 Km debaixo da terra até chegar à casa das máquinas. Na volta uma parada inesperada no meio do túnel, mostrouao surpreso grupo uma caverna de cristais como aquelas que só se vê em filmes de ficção.
Imagine essas pedras vendidas em feiras de artesanato onde o seu interior mostra os cristais. Agora imagine alquilo numa escala gigante. O passeio acabou com um rapel feito no paredão da represa. Embora fosse opcional, todos do grupo participaram.
O próximo dia seria o último de aventuras. Partindo cedo do hotel o grupo foi levado até Aareschlucht um cânion formado pelo rio Aare e que permite uma caminhada de 1.400m pelas encostas do cânion deixando o turista praticamente andando sobre as águas em passarelas pregadas nas paredes rochosas.
Ao final da caminhada fomos transferidos para a cidade vizinha de Meiringen onde, de trem nos dirigimos para a linda cidade de Thun.
Lá ficamos pouco tempo. O suficiente para colocar roupa de banho e iniciar um rafting de 40 Km que nos levaria para Berna, a capital da Suiça.
Na última parte desta matéria você verá a forma inusitada de se chegar numa capital.
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